A mudança

E essas tardes ainda me lembram você. E por isso eu as odeios, me fazem entristecer de uma forma indescritível. É difícil perceber como sou um tolo a você. Alguem que sempre te quis, não importasse o que. Alguem que sempre fez tudo que você pediu. Alguem que fica longe de você, mesmo isso o matando por que você pediu. Essas tardes me lembram isso, por isso as detesto. E tomo banhos demorados, tentando lavar a lembranças embora. Me arrumo saio de casa, compro meu cigarro, sento em qualquer banco de praça e tento esquecer. Entre uma tragada e outra, ouço sua voz. Enquanto a música no celular toca, sinto seu perfume. E o cheiro não sai da minha cabeça, e sua voz continua a me chamar. E você me leva a loucura, estou tão confuso, tão perdido... E me levanto obstinado a tirar você da minha mente. E caminho por entre pessoas e sons que não consigo entender, tamanha concentração. Percebo o quanto me desliguei do mundo, o quanto você me tirou dele. Mesmo tentando te esquecer, você me desliga de tudo. Percebi que já deu. Isso me prejudicou demais, fiquei tanto tempo preso a você, que um segundo de vida de verdade me transformaria. Então me desculpo por algo que nem sei se realmente farei. Desculpas por realmente te abandonar agora. Só cansei da dor, só cansei da tristeza, só cansei de sua indiferença. Paro um onibus, e entro, não me importa para onde ele vai. "Se existe um destino, que ele me guie agora." é o que penso. Me sento e espero, passo por tantos lugares que me lembram você. Por que praticamente tudo me lembra você. E após uma hora(maldito engarrafamento) percebo que o onibus está indo para a praia. Já está escuro quando chego lah. Tiro meus tênis amarro um cadarço no outro, e penduro no pescoço. Piso na areia fria e ando até mais perto do mar. Sinto a brisa que me descabela, e o gelado das ondas que me tocam, molhando a barra da minha calça. Sento na areia mais acima e acendo mais um cigarro. E deito, sinto algo que a tanto tempo não sinto. Leveza. Ali mudei pra outra pessoa...